Agricultura Vertical Urbana

BIOMA FOOD HUB
5 min readOct 31, 2020

Segurança Alimentar, Empregos Verdes, Resiliência às Mudanças Climáticas — te mostramos tudo isso de dentro de um “Cubo”

Por: Ju Bechara| Fotos: Fran Parente

Dia 22 de setembro, 4 da tarde, dia de visitar o Paulo em sua fazenda.

Fran e eu saímos do Bioma numa terça-feira pandêmica de trânsito tranquilo. A viagem durou 10 minutos do Bioma Food Hub até a Fazenda Cubo, uma fazenda vertical indoor que fica na Rua Deputado Lacerda Franco, número 100.

O galpão intimista e convidativo “à la upstate New York” conta com pouco mais de 90 metros quadrados e pode ser visto e visitado por qualquer pessoa que estiver passando pela rua.

Quem passa a maior parte do tempo atrás do balcão é o próprio Paulo. Engenheiro ambiental atento aos movimentos alimentares relacionados ao bem-estar socioambiental, ele conta com a ajuda de três colaboradores e acaba cuidando de tudo um pouco — como todo bom empreendedor não é mesmo?!

Entre uma alface e outra, quando perguntei à Bressiani quem o ajudou a montar todo o sistema, ele logo replicou: “eu, com a ajuda do meu pai, que também é engenheiro”. A fazenda Cubo tem seis andares de estantes e conta com uma iluminação de LED proveniente dos Estados Unidos. Esse, por sinal, é o único item que teve que ser importado e acabou tendo maior peso financeiro no investimento que colocou a fazenda de pé — literalmente de pé, diga-se de passagem.

Paulo sempre soube que queria empreender com impacto e enxergava, pela ótica de um engenheiro ambiental, que não queria se afastar da cidade para se sentir parte da natureza e então ajudar em sua manutenção.

As plantas sempre foram motivo de contemplação para ele. E num rápido bate-papo falamos sobre modelos americanos de fazendas verticais indoor, como a Farm One; falamos de espécies de hortaliças; comentamos sobre referências bibliográficas como o livro A Revolução das Plantas. Escrita por Stefano Mancuso, a obra mergulha na capacidade das plantas de se adaptarem, aprenderem e memorizarem condições favoráveis — ou não — à elas, tornando-as fortes e importantes candidatas à resiliência que tanto buscamos em um contexto global de mudanças climáticas.

As folhas da Fazenda Cubo, que chegaram primeiro à restaurantes da região de Pinheiros, hoje também chegam à mesa do consumidor final através de delivery e do pequeno balcão exposto na parte da frente do imóvel. Para agradar paladares não só de moradores do bairro mas também de entusiastas de uma alimentação fresca, local e pronta para consumo, a Cubo se esforça em otimizar o serviço de entrega sem comprometer plantio, emissões de CO2 e qualidade do produto. Ademais, vale contar que, apesar de ainda não valer uma legislação que certifique (ainda é tudo muito novo para os órgãos reguladores), elas são próprias para consumo imediato. Isso porque a fazenda trabalha dentro de um ambiente extremamente controlado, livre de químicos, pestes ou sujeiras externas.

Paulo mira expansão em breve e, assim, reforça a tendência vinda de países estrangeiros onde a união da tecnologia à espaços ociosos—de grandes centros urbanos ávidos por comida de qualidade— transforma consideravelmente o conceito tanto do farm-to-table quanto do impacto ambiental gerado pela comida (entre plantio, processamento, transporte, ponto de venda).

Uma curiosidade: você já notou que algumas fazendas verticais utilizam a luz rosa para o plantio de microverdes e folhosas?! Pois é: numa breve busca pelo google entendemos que esse é um modelo que curiosamente replica as luzes que penetram o oceano e imitam o crescimento de plantas se encontram debaixo d’água. Contudo, Paulo nos contou que chegou a fazer testes com as lâmpadas rosas e — além de a economia energética ser muito baixa — elas não contribuíram de maneira tão expressiva para o crescimento das plantas, além de dificultarem na hora de avaliar as mesmas para deficiências nutricionais ou pestes.

Outra curiosidade (fofa): você sabia que joaninhas são usadas para o controle de pestes nesses ambientes?

Última curiosidade: os microverdes são brotos extremamente nutritivos e que podem ser consumidos até 7 dias depois de seu plantio. O de mostarda e o de wasabi são imperdíveis — recomendamos fortemente que você experimente assim que puder.

E você? O que acha dessa tendência de fazendar indoor vertical urbana? Já experimentou? Conta para gente.

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